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domingo, 25 de novembro de 2012

A mais velha senhora


            Nesse feriado, prolongadíssimo, aproveitei para fazer uma visita, no mínimo, inusitada. Fui com um casal de amigos a uma cidadezinha a cerca de 250 km de São Paulo, conhecer uma velha senhora. Saímos cedo, no carrinho azul, ansiosos com a viagem que havia se configurado meio em cima da hora. No caminho não falávamos em outro assunto a não ser na velha senhora. E que senhora, e que velha! Um jequitibá rosa que mora no Parque Estadual de Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro e talvez seja a árvore mais velha do Brasil. Sabe há quantos anos vive essa árvore? Há pelo menos 3.000!! Isso mesmo. Ela já era uma senhora de 1.000 anos quando Jesus passou por aqui, quer dizer, por lá. Fico imaginando tudo o que essa árvore já viveu, do alto dos seus 3.000 anos. Se ela falasse, heim? Eu seria uma das que ficaria sentadinha debaixo dela, só ouvindo suas histórias. 

        Foi inevitável não me assustar com a visão daquela gigante. Estar ali e poder abraçá-la foi realmente uma forma de oração, uma prece. Foi sentir a fugacidade de ser humano. Somos plumas sopradas ao vento que logo, logo cairão. Sua raiz mais profunda chega a 18 m. Cerca de 1/3 fica embaixo da terra, invisível, garantindo o sustento, tanto físico quanto bioquímico. Nós também, como árvores enterramos nossas raízes em solos onde esperamos nos nutrir. Também temos partes escondidas que nos sustentam e nos dão a possibilidade de viver. Abraçar um ser vivo a mais de 3.000 anos foi me reconectar com a natureza de onde viemos e para onde vamos voltar.

         Depois de dar voltas ao redor dela, olhar sua copa de todos os ângulos, tentar inutilmente distinguir o formato de suas folhas a mais de quarenta metros de altura, começamos a elucubrar sobre as razões pelas quais ela ainda estaria de pé. Sim porque jequitibá é madeira de lei! Talvez seu tronco já fosse tão grosso, que amedrontou os machados. E aí quando vieram as motocerras, já se tinha um pouco de consciência do seu significado e resolveu-se preservar. Vai saber. Um misto de várias razões. Fato é que ela está lá e segundo um dos vigias do parque “gosta que visite”. Você consegue imaginar quantas vidas já passaram por essa árvore? Eu não. Só consigo me sentir grata pela oportunidade de abraçar um ser tão velho e tão lindo, tão majestoso e tão generoso. Se você tiver oportunidade, vá lá. Vale muito a pena. 

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