Na
postagem dessa semana, compartilho com vocês alguns fragmentos dos poemas de
Alberto Caeiro. Segundo Ricardo Reis, “Caeiro, do mesmo modo que Whitman,
deixa-nos perplexos. Somos arrancados de nossa atitude crítica por um tão
extraordinário fenômeno. ... A obra de Caeiro representa a reconstrução total
do paganismo, na sua essência absoluta, tal como nem os gregos ... o puderam
fazer.” E esse Fernando heim? Quantos Pessoas guardava nele mesmo? Para os que
preferem poesia, esta é uma semana de Poemas no Balaio. As fotos são dos meus rebanhos. Boa leitura!
O
guardador de rebanhos
I
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais
Quando o vento cresce e parece que chove mais
Não tenho ambição nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho
É a minha maneira de estar sozinho
II
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como um malmequer
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
VII
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no
[Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra
[qualquer
Por eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
[Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra
[qualquer
Por eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
IX
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido
E comer um fruto é saber-lhe o sentido
Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Fernandinho Beira-Mar... Pelo menos um Fernando nesta vida tinha que ser boa pessoa... Assim como esse tal de Alberto... E que poemas eles fazem, de modo bem natural, como o ciclo de uma fruta, desde a plantação da semente.
ResponderExcluirbj,
Mauzinho